As mulheres em busca do prazer
Em pesquisas ou em sessões terapêuticas,
elas expressam seu desejo de
mais e melhores relações sexuais
elas expressam seu desejo de
mais e melhores relações sexuais
O mundo ainda funciona num padrão masculino, mas a receita tem mudado bastante. A mulher entrou firme no mercado de trabalho, ganhou auto-suficiência econômica e bastante poder político. Ela está nas artes, na televisão, no esporte. Parece ter chegado o momento de também exigir mais num terreno antes proibido - o sexo. Não se fala aqui daquelas sessões maçantes do feminismo das décadas anteriores, em que elas discutiam genericamente a libertação da mulher sob o olhar irônico e despreocupado dos homens. Agora, a cobrança incomoda e é dirigida individualmente a cada namorado, parceiro, marido. Em resumo, as mulheres estão menos satisfeitas do que se poderia imaginar com a vida sexual que levam. Querem mais. E querem melhor.
Não é uma mudança abrupta. A valorização da sexualidade feminina explodiu a partir da revolução dos costumes dos anos 60. A novidade é que a mulher está expressando-se numa linguagem cada vez mais direta, que alguns homens consideram até chocante. Uma primeira pista da novidade vem de pesquisas de comportamento sexual. Apesar da cautela com que se deve interpretar qualquer estudo estatístico nessa área - em que as pessoas tendem a omitir ou a exagerar nas respostas -, os índices sugerem um claro sinal de alerta. Numa pesquisa concluída neste ano nas principais cidades brasileiras pelo sexólogo mineiro Gérson Lopes, 60% das mulheres casadas se queixam da baixa freqüência sexual proporcionada por seus maridos.
"Até poucos anos atrás, a grande reclamação das mulheres no consultório era de falta de apetite sexual. Hoje, esse número é cinco vezes mais baixo entre as mulheres e aumentou entre os homens", analisa Lopes, diretor científico do Centro de Estudos em Sexualidade e coordenador do curso de Sexologia Humana da Faculdade de Ciências Médicas de Belo Horizonte. "No meu consultório, as mulheres reclamam mais de quantidade do que de qualidade. Mas quando há quantidade elas reclamam da qualidade", diz o psiquiatra Luiz Cuschnir, professor da Universidade de São Paulo, e autor do livro Masculino/Feminina, da Editora Rosa dos Tempos.
Comentários
Postar um comentário