Valmir Salaro fala sobre denúncias de violência no Distrito Federal
"É preciso acabar com o tráfico. Isso é mais do que vontade política, é vontade de salvar vida dos jovens", afirma o repórter do Fantástico.
O repórter Valmir Salaro, do Fantástico, trouxe a público o problema da violência no entorno de Brasília. Os números são chocantes e a população de Valparaíso de Goiás está vivendo um inferno.
Bom Dia Brasil: O que chama a atenção é que a delegacia, que tinha vários funcionários, hoje tem mais ou menos um terço dos funcionários e fica fechada à noite.
Valmir Salaro: É verdade. No trabalho investigativo feito pelo jornalista e repórter Francisco Regueira e pelo cinegrafista Rafael Sobrinho, que passaram 15 dias nos locais violentos e perigosos da região de Brasília, foi possível ver que a polícia tenta fazer um trabalho pontual. Prende algumas pessoas, faz algumas operações e vai embora. O crime continua. Eu acho que é preciso muito mais do que um trabalho pontual. É preciso ocupação pelo estado no local do crime para prender os criminosos e acabar com o tráfico de drogas. É muito mais do que uma vontade política. É uma vontade de salvar a vida dos jovens que estão se envolvendo cada vez mais com o tráfico de drogas. Esses casos dos jovens que morrem, muitas vezes acontecem por causa de dívidas de R$ 20 ou R$ 10 que eles deixaram de pagar aos traficantes.
É um abandono completo da população. Não é só a criminalidade. Acho que a agressão que o cidadão sofre diariamente, muitas vezes, leva a esse comportamento. Falta saneamento, falta saúde, transporte e estrutura básica.
As pessoas não têm absolutamente nada neste lugar. Tanto é que, em 15 dias, a gente apurou muito mais. No entanto, com os 12 minutos que essa reportagem foi ao ar, não deu para mostrar tudo. Mas tem traficantes com bebês no colo vendendo drogas, tem mães desesperadas à procura dos assassinos dos próprios filhos. A Dona Marlucia, por exemplo, investigou e levou a polícia ao criminoso. Então, a própria população desorientada, sem nenhum recurso da polícia, ou da lei e da Justiça, acaba investigando. Ainda bem que, quando identifica o criminoso, leva para a polícia e não faz justiça com as próprias mãos.
Mas isso seria um caminho, pois a pessoas não tem nenhum recurso. É uma região abandonada. De um lado há o Distrito Federal, que tem o índice de violência igual ao da Suíça. Ao atravessa a fronteira, são 40 homicídios por mês, quase dois por dia, lugar que é comparado com Honduras, o país mais violento do mundo.
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