Em baixa na Justiça, Roriz é cortejado para as eleições do Entorno


Joaquim Roriz (PSC) está em vias de fazer as malas e mudar seu domicílio eleitoral para Goiás. Se confirmar o que tem anunciado nos bastidores, o ex-governador do DF dará o primeiro passo para concorrer à prefeitura de Luziânia. A segunda iniciativa é decidir o partido com o qual vai embarcar de volta às origens. Embora essa fase seja posterior à mudança de domicílio, o debate está adiantado. Interessadas no potencial de Roriz, algumas legendas já sondaram o ex-governador e querem o político, apesar do desgaste de uma carreira avariada por denúncias e interrompida nas últimas eleições pela Lei da Ficha Limpa.

Roriz trabalha com duas hipóteses mais vantajosas para ele. Ou vai ingressar no PSDB, ou ficará no PSC, embora seja bem-vindo tanto no PMDB quanto no PTB. No dia em que fez aniversário, 4 de agosto, o ex-governador recebeu várias visitas em casa. Algumas eram dirigentes de partidos em Luziânia e aproveitaram a ocasião para apurar o interesse de Roriz em mudar de legenda. Semanas depois, ele ainda não decidiu se vai deixar o PSC, partido pelo qual tentou concorrer ao Governo do DF, mas foi impedido por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o considerou ficha suja. Não negou, no entanto, a intenção de ingressar nos quadros do PSDB, que comanda a política em Luziânia.

A atração para o tucanato goiano acabou, inclusive, provocando ciúmes no PMDB de Goiás. “Roriz é uma pessoa amiga de todos os peemedebistas daqui. O natural seria que ele viesse para cá. Mas os jornais estão dizendo que ele decidiu ir para o PSDB, e ele nunca nos procurou para negar”, comentou o presidente do partido em Goiás, Adib Elias Júnior. Dias antes, a legenda, tendo como intermediário o ex-deputado Genésio de Barros, havia conversado com Roriz sobre a hipótese de voltar às fileiras do PMDB por Goiás. Roriz não disse nem que sim nem que não. Ficar no PSC seria como manter uma neutralidade e evitar mal-estar ou com o PMDB ou com o PSDB.

O atual prefeito de Luziânia é o tucano Célio Silveira. Ele esteve na casa de Roriz para falar sobre a hipótese de o político ser o candidato do grupo, que reúne 13 partidos na cidade. Para o Correio, o prefeito declarou em julho o apoio à candidatura de Roriz. Ontem, o presidente do PSDB-GO, Paulo Silva de Jesus, disse que o partido não só apoia a eleição de Roriz em Luziânia como a legenda no Estado tem as portas abertas para o ex-governador do DF. “Ele sempre foi um parceiro nosso, é bem-vindo aqui. Sei que ele está com uns probleminhas na Justiça, mas tenho certeza de que tudo ficará esclarecido”, confia Paulo, que é primeiro-suplente do senador Cyro Miranda, substituto do governador Marconi Perillo no Congresso Nacional.

O flerte do PSDB de Goiás com Roriz despertou reação nos tucanos candangos. Durante reunião, o ex-secretário de Obras Márcio Machado e os ex-distritais Raimundo Ribeiro e Milton Barbosa fizeram críticas sobre o ingresso do ex-governador no partido. “Ninguém conseguiu prejudicar tanto o PSDB nos últimos 10 anos quanto Joaquim Roriz”, decretou Ribeiro. Paulo Fona, assessor de Roriz e que já foi candidato pelo PSDB, rebateu o colega de legenda. “É estranho um partido que sempre esteve presente nos governos Roriz, ocupando cargos importantes, como secretarias da área social e mesmo a vice-governadoria, vir agora criticá-lo. Parece oportunismo.”

Sustentação política
O PTB de Goiás é um dos partidos que integra o grupo de sustentação política em Luziânia. Quem lidera a legenda no estado é o deputado federal Jovair Arantes (GO). Questionado sobre a hipótese de Roriz entrar para as bases petebistas, ele respondeu com pragmatismo político e sem ressalvas legais. “Partido é feito time de futebol, tem que estar sempre renovando. E no partido, político é igual a voto. Queremos centroavante que marque gol.” Nesse ponto, Roriz se orgulha de, mesmo maculado por denúncias que sujaram o seu currículo, ter conquistado para a mulher, Weslian, um terço dos votos no DF em 2010.

Esse espólio é o que divide o grupo do ex-governador entre os que se entusiasmam com a ida dele para Luziânia e os contrários a essa decisão. Os que apoiam a mudança de domicílio acham que será a chance de o ex-governador não enferrujar, de dar um tempo na fase de derrotas com uma conquista em menor escala, mas que não deixaria de ser uma vitória, caso ganhasse as eleições no município goiano.

Os aliados contra a aventura eleitoral em solo goiano estão certos de que Roriz vai jogar fora uma herança ainda não esgotada em Brasília. Esses são defensores de que o ex-governador se apresente em 2014 no DF. Tanto um grupo como o outro, no entanto, sabe que o êxito em qualquer um dos cenários está nas mãos do Supremo. O STF deve colocar em votação a Lei da Ficha Limpa e esclarecer pontos que ficaram em aberto antes da disputa para prefeitos. Um deles, se o político poderá ser atingido pelas regras da Lei Complementar nº135, mesmo que as normas tenham sido criadas depois de Roriz ter desistido do cargo.


Renúncia

Em 2007, Roriz renunciou ao mandato de senador para evitar que fosse cassado. Ele havia se envolvido em denúncias de corrupção apuradas pela Operação Aquarela. Um diálogo entre ele e Tarcísio Franklim de Moura, que presidia o BRB, provocou o escândalo que ficou conhecido como Bezerra de Ouro. A conversa interceptada pela Polícia Civil do DF mostrou uma negociação sobre a partilha de um cheque, no valor de R$ 2,2 milhões, do empresário Nenê Constantino na tesouraria do banco.

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