Tremor de magnitude 4,6 atinge Brasília e Goiás


Por volta das 17h15, moradores da cidade sentiram prédios balançarem.

Sismólogo da UnB diz que há possibilidade de novos tremores.


O Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília registrou um  tremor de terra nesta sexta-feira (8) na divisa entre Goiás e Tocantins, com reflexo no Distrito Federal. Segundo o diretor do observatório, George Sand, o tremor teria ocorrido na região da cidade de Mara Rosa, em Goiás.
Dados preliminares da UnB mostram que o tremor teve magnitude de 4,6 na escala Richter, o maior já registrado na região central do país. Houve dois tremores sequenciais registrados, por volta das 17h. Ainda segundo o diretor do observatório, há chances de acontecer novos tremores nesta sexta e durante o feriado.
“É normal que toda atividade sísmica tenha novos tremores. Esperamos que não sejam maiores do que esse que já aconteceu porque o nível registrado é relativamente alto para nosso padrões”, afirmou Sand.
Os livros na estante tremeram, os móveis, a cama também. Mas foi bem rápido, cinco segundos, talvez menos. Não deu tempo de ficar apavorado"
Marcelo Sávio, morador em Brasilia
O serviço de pesquisa geológica norte-americano (U.S. Geologic Survey) registrou o tremor em sua página na internet. De acordo com o órgão, o abalo teve magnitude 5 e teria ocorrido a uma profundidade de 14,8 quilômetros na divisa entre Tocantins e Goiás.
Por volta das 17h15, moradores de Brasília relataram casos de tremores em prédios. Os tremores foram sentidos nas regiões da Asa Norte, do setor Sudoeste, Lago Norte e Setor Comercial Sul. O assunto foi registrado no microblog Twitter por moradores da cidade.
O Corpo de Bombeiros de Brasília registrou nais de 200 ligações devido ao tremor. Segundo o tenente Xavier Fernandes, ainda havia pessoas ligando uma hora depois dom tremor. Até as 18h20, os Bombeiros não registraram caso de abalos em estruturas. A recomendação é que, caso haja outro tremor, as pessoas deixem suas casas e prédios e evitem usar elevadores.
"Os livros na estante tremeram, os móveis, a cama também. Mas foi bem rápido, cinco segundos, talvez menos. Não deu tempo de ficar apavorado", afirmou o arquiteto Marcelo Sávio, morador da Asa Sul, em Brasília.
A estagiária do Ministério do Desenvolvimento Social Samara Correia, que trabalha no 5º andar do prédio, disse que sentiu o tremor. "Foi bem leve, mas como costuma não ter nenhum tremor [em Brasília], a gente estranhou. Foi só o chão tremendo, nada muito forte. Nem todo mundo sentiu. Eu mesma fiquei na dúvida. As pessoas se olharam perguntando: 'você sentiu?'"
O empresário Kdu Peixoto trabalhava em seu escritório na Asa Norte, em Brasília, quando sentiu o tremor. "Tremeu como se aqui embaixo passasse uma linha de trem. Eu coloquei a mão na mesa e senti. Durou uns 8 ou 10 segundos", disse.
No Tribunal de Justiça do Distrito Federal e no Tribunal Superior Eleitoral, os funcionários também sentiram o tremor. O presidente em exercício do Tribunal de Justiça do DF, Lecir Manoel da Luz, determinou, pouco antes das 18h, que o prédio do tribunal fosse esvaziado.
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após o tremor, houve orientação da Defesa Civil para que os servidores deixassem o local para que fosse verificada a estrutura do prédio. Depois de liberada a sede do tribunal, os funcionários puderam retornar ao trabalho.
A assessoria de imprensa do Ministério das Cidades, no Setor de Autarquias Sul, em Brasília, informou ao G1 que o prédio foi quase todo esvaziado. Os funcionários da assessoria, que fica no térreo do edifício, não sentiram o tremor, mas os servidores que trabalham em andares superiores ficaram assustados e começaram a deixar o edifício.
Existe uma região do Brasil onde há uma serie de registros de sismos no passado. Essa linha é no sentido do Maranhão, passando por Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul. Esses sismos se aglomeram nessa linha onde ocorrem falhas geológicas e onde a energia é liberada"
João Willy Corrêa Rosa, professor do Instituto de Geociência da UnB
No Palácio do Planalto, os bombeiros destrancaram as portas de emergência para permitir uma eventual saída de pessoas em caso de novos tremores. A central dos bombeiros na sede oficial da Presidência informou que a medida é um "procedimento padrão". Alguns funcionários do 4º andar do Planalto sentiram o tremor, mas não foi necessário evacuar o edíficio.
Explicações
O professor do Instituto de Geociência da UnB João Willy Corrêa Rosa explicou que a causa do abalo sísmico foi o “acúmulo de tensão no centro da placa sul-americana”, onde o Brasil está situado. A tensão é provocada pelo movimento das placas tectônicas.

“Existe uma região do Brasil onde há uma serie de registros de sismos no passado. Essa linha é no sentido do Maranhão, passando por Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul”, afirmou o professor. “Esses sismos se aglomeram nessa linha onde ocorrem falhas geológicas e onde a energia é liberada.”

Segundo Corrêa Rosa, o Brasil situa-se em numa região geologicamente antiga, de terreno mais estável e resistente. Isso faz com que a energia provocada pelo deslocamento de placas se propague mais facilmente, o que explica o tremor em Brasília.

Nem todos moradores de uma mesma cidade sentem um tremor, disse. Pessoas em prédios altos têm mais probabilidade de sentir o abalo. A explicação do professor é que “o solo se movimenta, mas tende por inércia a se manter estável. Já os andares mais altos tendem a amplificar o movimento que o prédio sentiu na sua fundação”.

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