A cerveja da Idade Média é igual a que bebemos atualmente?
ANDRÉ VASQUEZ
Você já imaginou como as cervejas eram feitas e consumidas há quinhentos mil anos? Será que o gosto era parecido com o da bebida que tomamos hoje? Uma história curiosa e um tanto surpreendente pode ajudar na busca por respostas. Há cerca de seis anos, cinco garrafas do líquido foram encontradas a quase 50 metros de profundidade no mar Báltico. Os recipientes, de cor marrom, estavam cheios, devidamente lacrados e, concluiu-se, estavam lá há duzentos anos. Apesar das distorções provocadas pelo tempo, eram garrafas de uma Red Ale, com características semelhantes às que tomamos atualmente.
A descoberta confirmou uma informação importante: as cervejas da família Ale, ou seja, fermentadas em temperaturas mais altas, dominaram a produção mundial por milênios. Na Alemanha, por exemplo, até o século 16, era impossível encontrar um exemplar das famosas Helles, Dunkel ou Bock. Além disso, durante muitos anos, a produção era estritamente doméstica, para o consumo da família.
Bizarrices à parte, vale lembrar que, na Idade Média, tomar o líquido fermentado era um dos hábitos mais seguros, já que o processo de produção exigia uma etapa de fervura. Fervida, a bebida estava livre de contaminações. E foi justamente pensando em preservar a saúde dos alemães que os governantes criaram algumas regras que deixaram resquícios culturais cultivados até hoje.
Evitar a exposição da cerveja era lei e, por isso, os bebedores inventaram uma caneca com tampa articulada. Como o vidro ainda era um material muito raro, os recipientes, chamados de “stein”, eram feitos de madeira, pedra, metal, cerâmica ou porcelana.
Ingredientes estranhos
Acelerando a máquina do tempo e voltando mais de mil anos, é possível encontrar registros do uso de mel, zimbro e frutas vermelhas na produção de cervejas. Na verdade, atenuar o gosto forte da bebida era um grande desafio. Como nessa época o lúpulo não fazia parte da lista de ingredientes, a alternativa encontrada na Europa foi usar uma mistura de ervas que recebeu o nome de “gruit”. A fórmula era super secreta e variava de acordo com as plantas disponíveis em cada estação.
Acelerando a máquina do tempo e voltando mais de mil anos, é possível encontrar registros do uso de mel, zimbro e frutas vermelhas na produção de cervejas. Na verdade, atenuar o gosto forte da bebida era um grande desafio. Como nessa época o lúpulo não fazia parte da lista de ingredientes, a alternativa encontrada na Europa foi usar uma mistura de ervas que recebeu o nome de “gruit”. A fórmula era super secreta e variava de acordo com as plantas disponíveis em cada estação.
Com a descoberta das vantagens do lúpulo, as cervejas ganharam mais sabor e puderam ser conservadas por muito mais tempo. Afinal, a capacidade de preservar as características da bebida é uma das principais propriedades da espécie.
Para termos uma ideia das dificuldades enfrentadas por esses verdadeiros alquimistas, basta lembrar que milhões de litros de cerveja foram feitos sem a ajuda de equipamentos que hoje são considerados básicos, como, por exemplo, termômetro e hidrômetro. Cada produção era uma verdadeira aventura.
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