CPMI do Cachoeira Marconi Perillo se diz alvo de perseguição política
Em entrevista, governador afirma que especulações sobre venda de imóvel não passam de ‘tempestade em copo d’água’
Déborah Gouthier
O governador Marconi Perillo (PSDB) presta depoimento à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) nesta terça-feira (12/6). Às vésperas da reunião, ele concedeu uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo em que afirmou estar sendo vítima de forte perseguição política e que as verdadeiras motivações da comissão instalada no Congresso Nacional incluem, além dele, o procurador-geral da República Roberto Gurgel e outros integrantes do Poder Judiciário.
Questionado sobre quais seriam os motivos dessa dita perseguição, Marconi se referiu a “fatos ocorridos no passado”, em uma possível referência a 2005, quando no auge do Mensalão, ele afirmou ter alertado o então presidente Lula (PT) sobre a existência do esquema. Entretanto, o governador afirmou que espera que não seja essa a real motivação de sua convocação à CPMI, alegando esperar sinceramente que os sentimentos do ex-presidente sejam “nobres”:
“Afinal de contas, ele já tentou tantas vezes me prejudicar em Goiás, nas eleições, nas aparições dele, nas declarações, que eu imagino que ele possa estar se dando por satisfeito depois de tudo que foi feito para tentar me derrotar, especialmente na última eleição. Um homem que foi presidente do Brasil por duas vezes, deixou o governo com alta popularidade, deveria ou deve se comportar como um estadista, assim como ocorre com ex-presidentes dos EUA, como acontece com outros ex-presidentes aqui, como em outros cantos do mundo. Especialmente creio que esses sentimentos devem ser nobres em se tratando de alguém que acabou de passar por uma provação recente, que foi um câncer. Todas as pessoas do Brasil, inclusive eu, rezamos por ele. Quero imaginar que isso não parta dele, seria muito pequeno, muito mesquinho, se esse tipo de motivação pudesse povoar a cabeça dele.”
Sobre seu envolvimento nos negócios de Carlos Cachoeira, especialmente em relação à casa que vendeu e veio a ser do empresário, ele afirmou se tratar de “tempestade em copa d’água” já que a negociação se deu de maneira legítima. Marconi relatou que chegou a anunciar o imóvel em classificados, mas foi procurado pelo ex-vereador e suposto parceiro de Cachoeira Wladmir Garcêz. “Os cheques foram sendo depositados e depois cobrei a escrituração e o registro. Foi quando ele disse que o comprador não seria ele mais, porque não teria como levantar os recursos. Ele não informou à época que havia tomado dinheiro emprestado de seus patrões”, relatou, explicando que o comprador, então, passou a ser o empresário Walter Paulo Santiago, dono da Faculdade Padrão, que também compareceu na CPMI na última semana e prestou depoimento tido como contraditório ao que havia sido informado pelo governador.
Para comprovar a lisura da operação, ele disse ainda que irá apresentar no Congresso as cópias dos cheques que recebeu como pagamento do imóvel, além das cópias de seus extratos bancários, “mostrando que foram compensados e que não há a menor dúvida de que o negócio foi correto, legal”. Marconi Perillo também afirmou à Folha que só soube do envolvimento de Carlos Cachoeira com a compra da casa depois que o empresário foi preso no local, durante a Operação Monte Carlo.
Já em relação ao pagamento de serviços do jornalista Luiz Carlos Bordoni, o governador disse que sua prestação de contas foi toda aprovada sem irregularidades e sem a necessidade de um suposto caixa dois. Diante disso, ele também reforçou o apoio que obteve do seu partido mesmo em meio às denúncias envolvendo seu nome e o do empresário dos jogos ilegais. “Posso dizer com todas as letras que, se há um partido solidário, esse partido se chama PSDB. Agora, é claro que o partido quer que eu vá a CPI e explique tudo para virar definitivamente essa página”, concluiu.
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